O velho rinjir de bastos na saída da porteira
E uma silhueta caseira acenando pra estrada
O final da madrugada chega no canto dos galos
(Me encontra a cavalo impeçando outra jornada)
No tranco de volta à estância vou bombeando o horizonte
Lembrando cenas que ontem alegraram às retinas
O piá junto à china esperando na porteira
Minha folga domingueira – o descanso da faína
De porteira à porteira são três léguas de anseios
O coração vai ao meio numa angústia insistente
O corredor, na minha frente, parece que sente junto
Pois sabe que falta muito pra eu rever a minha gente
Quando a lida se arremata pelos dias das semanas
A alma sempre reclama quando, quieto no galpão
Rebusco no chimarrão um tempito sem alarde
E saco um tento da saudade pra trançar minha solidão
Depois da curva (lá adiante) sei que a estância espera
Meu semblante de tapera -anunciado co’as esporas-
Pra ofertar o campo a fora ao mouro dos meus arreios
Pois sabe quanto eu anseio gastar um pouco minhas horas